
Arte: devii_insider
Carne Tomada é a sequência de Sangue & Cinzas, parte da série da Corte de Sangue. Enquanto cada livro tem uma história específica, Carne Tomada herda as consequências de alguns acontecimentos de Sangue & Cinzas.
Ainda é possível começar a leitura por Carne Tomada, se você quiser: Apenas um ponto de vista principal permanece do primeiro livro e há um resumo dos acontecimentos anteriores. Aliás, esse resumo é diferente e eu particularmente me orgulho dele: Não é um resumo do que aconteceu no primeiro livro e sim o que os personagens que têm pontos-de-vista em Carne Tomada sabem do que aconteceu no primeiro livro. Há até alguns mistérios que enriquecem as histórias de certos personagens se o leitor desconhecer a verdade. Em contraponto, ler o segundo livro estragaria algumas surpresas se você ainda pretende ler o primeiro.
O que é a Corte de Sangue?
É uma série de livros de terror e fantasia urbana, que mostra os vampiros da Corte de Sangue em São Paulo lidando com os Divergentes. São thrillers de investigação, violência e sangue.
A Corte de Sangue é a principal sociedade de vampiros, espalhada pelo mundo todo. Seus membros são capazes de se mesclar com a humanidade, vivendo entre eles como lobos em pele de cordeiro. A corte é uma organização feudal na qual reis dominam territórios grandes, geralmente países, ou então estados em países de grande extensão.
Em São Paulo, a Corte de Sangue era governada por Dom Luís Antônio Verdana, cujo território dominava todo o estado de São Paulo. Por motivos desconhecidos para a maioria dos vampiros da cidade, ele nomeou o rebelde príncipe Afonso como Regente de São Paulo, antes de desaparecer. O que desagradou alguns de seus aliados, inclusive o Príncipe Alberto, que sempre foi considerado muito parecido com o Dom.
A origem dessa série é a seguinte.
Eu e meus amigos jogamos RPG por muito tempo juntos, desde 1998. Introduzi meu grupo ao RPG e devo ter começado uns quatro ou cinco anos antes. Jogamos vários jogos, e eu mestrei por muito tempo Vampiro: A Máscara. Outros do grupo também mestraram e criaram seus cenários, mas eu mantive o mesmo mundo desde que começamos a jogar em 98. Os jogadores passaram por três crônicas interligadas até 2003, quando a White Wolf lançou a Gehenna e explodiu o mundo antigo.
Mais maduros, todo o grupo ficou excitado por começar um cenário novo, do zero. Então eu segui a tal Gehenna e o mundo que jogávamos terminou. Vampiro: a Máscara era mais gonzo, nós éramos adolescentes e muitas histórias eram muito mais Pulp e “super-heróis de presas”.
Na época eu assistia a várias séries, principalmente procedurais, como CSI. Então, eu tracei um plano de jogo de cinco anos, como se fossem cinco “temporadas”, com um grande evento no final. A crônica foi bem interessante, com essa cara de São Paulo na madrugada, mal iluminada e com poças de sangue. Bastante focada em investigação e assassinatos bizarros.
Essa crônica terminou apenas esse ano (2025), totalizando vinte e um anos, mas tecnicamente quatorze “temporadas”, pois a vida foi dificultando cada vez mais de jogar e algumas temporadas levaram alguns anos para fechar. Claro que a crônica evoluiu também. Acabou se tornando um pouco mais Pulp depois de uns sete anos e, depois de trocar para a segunda edição, os personagens também se tornaram mais super-heróis com presas. Mas ao menos pareceu mais conquistado, depois de tantos anos.
A crônica de Réquiem também herdou alguns personagens da crônica antiga, antigos npcs ou mesmo personagens de jogadores, que foram desconstruídos e remoldados de uma forma mais pé-no-chão. Mas os personagens originais pareciam que criavam vida, conforme os anos iam passando.
No começo, fiquei relutante de usar a crônica de base para uma série de livros, principalmente por medo de se tornar muito derivativo de Vampiro a Máscara ou Réquiem. Mas Réquiem já estimulava bastante a criar seu próprio cenário e muito dele era mais oferecer ferramentas para você criar sua história. Os personagens eram originais, assim como suas interações. Então o próximo passo foi definir o que era um vampiro nesse cenário e como eles funcionam.
Tudo começou com o outro livro que eu já havia escrito: Campos Erísios: O Julgamento de Samael. Também tem um pé no RPG (e falarei mais disso ano que vem, quando pretendo lançar uma sequência), mas consiste em um mundo que mistura o Discordianismo com o Gnosticismo, onde eu elevo ao ápice a máxima: Tudo é verdadeiro, até as coisas falsas. E este se torna um mundo onde as lendas se tornam reais.
No livro, eu escrevo um pouco do ponto de vista de um certo personagem. Só que foi muito pouco e eu fiquei fascinado em escrever mais com ele. E isso levou a escrever o primeiro livro, onde também não foi possível colocar do ponto de vista dele, ou teria de fazer referências a coisas que aconteceram em outro livro. Portanto, só consegui usar o ponto de vista dele no segundo livro da Corte de Sangue, finalmente.
Então a Corte de Sangue se passa nesse mesmo mundo Discordiano-Gnóstico do Campos Erísios. Mas você não precisa lê-lo para desfrutar da série.
O próximo passo foi definir as lendas mais fortes do vampirismo, e criar uma versão dos vampiros europeus que a gente conhece, onde a crença influencia seus poderes. Para isso, levei em conta todas minhas histórias favoritas de vampiros, como Drácula, Crônicas Vampirescas, True Blood, Buffy, Vampiro: a Máscara, Vampiro: o Réquiem, entre tantos outros.
Então existem várias formas de se criar vampiros, mas algumas mais utilizadas do que outras. Precisei definir os poderes mais comuns, assim como as fraquezas. E a sociedade. Vampiro a Máscara começou com os clãs e acredito que é a origem desse tipo de divisão, mas desde Blade, Dresden Files, até diversos filmes e livros se inspiram em sociedades parecidas. Preferi algo mais local e feudal, inspirado parcialmente pelas Crônicas de Gelo e Fogo/Game of Thrones, com vampiros poderosos criando Casas com seus descendentes na cidade (talvez um ou outro mais antigo com casas que não se restringissem apenas a cidades). Um Dom e seus dois príncipes, inspirado parcialmente nas monarquias portuguesa e brasileira.
Só que se as crenças são tão importantes nesse cenário, há tantas lendas associadas a vampiros, e tão… divergentes do vampiro clássico europeu. O que acontece com elas?
Foi nisso que surgiram os Divergentes. E eles mudaram o cenário ainda mais. A grande maioria desses vampiros possuem uma aparência monstruosa, o que acabou por deixar os dois grupos um contra o outro.
Claro que é mais interessante se a gente começa com um período de paz e testemunha como que tudo dá errado.
Inicialmente, a série consiste no que eu chamo de a trilogia Deuses de Sangue: Sangue & Cinzas, Carne Tomada e Hecatombe Urbano. Essa é a história do confronto entre a Corte de Sangue de São Paulo com os Divergentes.
Potencialmente eu gostaria de escrever mais histórias da série. Realisticamente, séries são difíceis de conquistar mais leitores, principalmente quando você ainda é um escritor desconhecido ou pouco conhecido. Então, por hora, pretendo apenas fechar essa trilogia. E talvez escrever uma ou outra história fechada, com outros personagens, em outros lugares ou épocas.
Porém, meu plano foi baseado no enredo de cinco anos que eu tracei para nossa crônica de Vampiro: o Réquiem em 2004. Deuses de Sangue seria o equivalente aos dois primeiros anos. A trilogia é sobre o conflito com os Divergentes e fecha com Hecatombe Urbano e não pretendo deixar pontas soltas. Ao menos, não óbvias. E então veremos se é possível seguir, ou se há alternativas de apresentar os outros “plot-points” de forma fechada, talvez com outros personagens? De toda forma, eu espero que os leitores gostem dos personagens apresentados e queiram ler mais sobre eles.
Sangue & Cinzas
Um corpo sem sangue e vazio de seus órgãos internos é encontrado no parque da Aclimação, o que já chama atenção demais para uma sociedade de vampiros que pretende permanecer escondida. O problema é que a vítima estava grávida. Se essa informação vazar ou se o assassino fizer mais vítimas, a atenção que pode atrair para a Corte de Sangue vai ser demais.
Os personagens principais de Sangue & Cinzas são:
O Coronel: juiz, júri e executor da Corte de Sangue em São Paulo há séculos, sempre acompanhado da fiel Rita Maria de Cássia. Esconde um passado que ao mesmo tempo tem orgulho e ódio.
Michele Figueiredo: Historiadora e arqueóloga em vida, nas noites de hoje é parte da nobreza da Corte de Sangue e trabalha para sua suserana em busca de artefatos. Sua curiosidade e humanidade podem colocá-la no meio de um conflito que não esperava.
Henrique Ribeiro: Um antigo templário, muito mais antigo do que a maioria dos vampiros, e que tem seus próprios planos para a cidade de São Paulo.
Carne Tomada
Quando a filha de um aliado do regente é raptada e os restos mal digestos de seus amigos largados no meio das ruas, a Corte de Sangue precisa descobrir se seus inimigos vêm de fora ou de dentro.
Personagens principais novos:
Adriano Farina: Um investigador recentemente transformado, depois de ter seus pulmões liquefeitos pelo câncer. Algo que sempre é obrigado a lembrar com a gosma escura que expele quando abusa demais de seus cigarros.
Jonas Oliveira: O ambicioso bispo de um culto vampírico que tem uma grande obra para realizar.
